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Se me perguntassem o que eu mais amo na minha profissão eu diria que é poder contar histórias e perpetuá-las de geração para geração. Acredito que quando nos formamos fotógrafos não temos real noção disso. Na verdade, acredito que passamos a entender quando capturamos a primeira foto com significado e a partir daí entendemos que o valor de uma fotografia vai além de que qualquer preço/dinheiro.
Durante esses anos fotografando demorei para chegar à conclusão de qual era minha foto favorita, até que um fato muito triste em minha vida pessoal me fez encontrá-la... e nesse momento, eu escrevi a respeito disso.
Quando fotografei um casal de idosos, no auge de seus 50 anos juntos, após ouvir a história de vida deles... eu escrevi a respeito disso.
Quando um casal que já estava junto há anos, se uniram legalmente em matrimônio e optaram por trocar as alianças no hospital - pois era lá que o filho estava - eu escrevi a respeito disso.
Quando fotografei um casal que está junto há 11 anos, dentre 40 fotos havia apenas uma em que o noivo estava sorrindo, o detalhe é que em todo esse tempo ninguém nunca havia fotografado um sorriso dele e isso me deu vontade de escrever.
Quando fotografei um casal que está junto há 11 anos, dentre 40 fotos havia apenas uma em que o noivo estava sorrindo, o detalhe é que em todo esse tempo ninguém nunca havia fotografado um sorriso dele e isso me deu vontade de escrever.
Fotografar vai muito além de apertar um botão, acredito que envolve empatia, compaixão, envolve literalmente sentirmos juntos algo que dificilmente pode ser capturado. E quando nós sentimos, nos entregamos, nos dedicamos, e pulamos de mergulhão - como criança sem medo naquela piscina funda que sabíamos que não dava pé - temos resultados extraordinários. E quando digo extraordinários, não estou falando de técnica, de luz, de composição, estou falando de história... Falo do abraço dado na avózinha que mesmo muito doente compareceu ao casamento e infelizmente faleceu semanas depois, e o último registro foi esse aconchego de abraço; falo também da noiva que junto com a mãe, confeccionou o próprio vestido, colando e costurando pedra a pedra, renda a renda...
Quando tais coisas me fizeram refletir, eu passei a andar com minha câmera e simplesmente fotografar pessoas, e me permitir conhecê-las... eu acredito MUITO que todo mundo que conhecemos ao longo da vida é capaz de nos ensinar ou acrescentar algo: seja algo bom ou ruim. Se alguém sorriu sem te conhecer, te ensinou a ser simpático. Se alguém fez algo além do alcance por você, te ensinou a amar o próximo como a si mesmo. Se alguém foi rude quando você mais precisava de carinho, te ensinou a falar menos, ouvir mais e ser sempre gentil. Se alguém te traiu, te ensinou a importância da lealdade. Se alguém foi leal, te ensinou quão bem podemos fazer outros se sentirem ao sermos leais também. Se alguém mentiu e te machucou, te ensinou a importância da verdade. É tudo uma questão de ponto de vista. Nós não podemos nos privar de conhecer pessoas, lugares ou nos colocar em circunstâncias diferentes por medo do que elas podem nos fazer sentir, todos/tudo podem nos ensinar algo e nos ajudar a crescer como ser humano. É por esses e outros motivos que eu amo histórias...
E é por tudo isso que hoje dou inicio à um projeto pessoal, algo que eu sempre quis e nunca soube, até semanas atrás, como por em prática: contar o que está por trás de alguma fotografia, e em que me fez refletir, pensar.
Sejam bem vindos ao Blog "Histórias em foto".
Espero de todo meu coração que apreciem. Peço que aumentem o volume e deem play neste vídeo feito com muita dedicação e gratidão que tem um trechinho dessas histórias.
Com amor e carinho,
Thay. ♥